Por Aline Bersa, Programação TV Liberal

Divulgação/TV Liberal

O É do Pará desbravou um dos bairros mais populosos de Belém. Levando o nome do povo indígena ‘Juruna’ e tendo em sua geografia ruas com nomes de povos indígenas também, como Mundurucus (Munduruku), Apinagés (Apinajé), Tupinambás (Tupinambá) e Tamoios (Tamoio), o bairro Jurunas tem mais de 60 mil habitantes e está localizada à margem da Baía do Guajará.

Nos vários portos situados pela extensão do rio muitos migrantes chegaram à capital. O bairro Jurunas tem em sua população descendentes de etnias tradicionais, bem como povos ribeirinhos de outras localidades, trabalhadores mais pobres da época e também famílias da classe média dos séculos XVII e XVIII. Hoje em dia, esse processo de chegada pelos portos ainda acontece.

O Jurunas é considerado um dos maiores consumidores de açaí da capital, em seu porto o tráfego de descarregamento do fruto é constante, assim como as vendas pelo bairro são 24h por dia. Essa relação do bairro com o alimento chama a atenção, sendo uma de suas principais características.

Tainá Aires conversou com a jornalista e grande estudiosa sobre o bairro, Nice Tupinambá. Nice é graduada em comunicação social e mestranda em direito. Além de escritora, conselheira do fórum de mudanças climáticas de Belém e do Conselho Indígena da Capital, mãe e ativista ambiental. Pertencente ao povo Kamuta-Tupinambá da beira do Rio Tocantins, na Ilha do Guajará, Vila de Porto Grande na região de Cametá.

Nice, ao chegar em Belém, tinha o sonho de morar no Jurunas, assim como muitos migrantes que também vieram para a capital. “O interessante é que as pessoas que vêm morar pra cá, que vêm ocupar esse lugar, esse espaço, não chegam pela estrada, elas vêm pelo barco. Então elas vêm de canoa pelo rio de vários municípios dessa região do Baixo Tocantins”, disse a jornalista.

Nice Tupinambá, jornalista e pesquisadora, falou ao É do Pará sobre o bairro Jurunas - TV Liberal — Foto: Divulgação/TV Liberal

“O Jurunas não nasceu exatamente para homenagear os povos indígenas como se pensa, na verdade, o Jurunas e as suas travessas, suas ruas que recebem o nome de vários povos indígenas, recebem esses nomes por conta de um processo que aconteceu para a nacionalização do Brasil, que para diferenciar de Portugal, criou uma identidade nacional, para formar o povo brasileiro, então aconteceu isso, onde várias famílias adotaram nomes indígenas”, Nice Tupinambá.

Nice Tupinambá conta que muito se fala do período da Belle Époque, de toda a beleza e o orgulho, então ela questiona: E o povo? A jornalista explica que para se ter esse glamour, Belém passou por um processo de higienização que foi tirar o pobre e o indígena, que em sua grande maioria estava no centro da cidade, e afastá-los para os bairros da beira do rio como Jurunas, Guamá e Terra Firme. “Hoje, nós indígenas que vivemos aqui nesse bairro, a gente faz o processo de tomada dessa história”, ressaltou.

Maria Trindade, aposentada, falou que quando chegou ao Jurunas era uma menina e foi no bairro que construiu toda a sua vida. Moradora do bairro há mais de 80 anos, constituiu família, criou seus filhos, netos e bisnetos, concebendo várias gerações. Solange Rodrigues, atendente, falou sobre a infância no bairro e de como o lugar era diferente. Sua irmã, Simone Rodrigues, doméstica, relembrou as brincadeiras de sua época quando era criança.

No Jurunas existe um espaço multicultural de leitura, música, trabalho, estudo, arte e lazer. O responsável por esse espaço é o engenheiro Jean Ferreira. O lugar conhecido como Gueto Hub fica localizado no Jurunas, divisa com o bairro Condor, dentro do Gueto tem Galeria de Arte, biblioteca comunitária, coworking, museu e café.

O espaço estava abandonado e o irmão de Jean disse que sentia saudades, pois eles cresceram com o espaço, daí partiu o desejo de manter o lugar. Seu irmão juntamente com seu pai, que era pedreiro, conseguiram reformar o espaço: “E eu, juntamente com amigos, vim ocupar através de bibliotecas, a gente pensou em fazer uma galeria de arte, a gente foi pensando e a casa foi dizendo o que ela queria ser”, ressaltou Jean.

Jean Ferreira é o responsável pelo espaço multicultural Gueto Hub no bairro Jurunas - É do Pará - TV Liberal — Foto: Divulgação/TV Liberal

“Com o tempo a gente percebeu que nem todo o conhecimento que a gente queria que as pessoas do Jurunas, ou em geral, soubessem, não estava nos livros, não estavam necessariamente escritos. A gente recebia muitas lideranças com muito conhecimento, mas às vezes elas vinham aqui conseguiam compartilhar, mas não estava escrito”, Jean Ferreira.

O engenheiro falou sobre essa importância da oralidade, do saber através das falas e histórias. Lideranças comunitárias e indígenas compartilhavam seus conhecimentos, foi a partir desses momentos de troca que perceberam a relevância de documentar. As memórias da oralidade que persiste, começaram a ser escritas: “A gente ampliou e estamos tentando nos dizer como uma biblioteca ancestral para que as pessoas percebam que aquele senhor que está lá, sentado na cadeira, também é uma biblioteca”.

No espaço do andar de cima funciona o Museu D’Água. A historiadora Ruth Ferreira e a estudante Tamires Pinheiro explicaram e apresentaram o local que nasceu com o objetivo de resgatar, narrar e preservar a memória cultural, histórica e artística do conhecido ‘Distrito D’Água’, que são os bairros localizados à beira do Rio Guamá e são marginalizados como o Jurunas, Guamá e Terra Firme. “Nós vamos atrás também dos moradores mais antigos para eles contarem um pouquinho da história para contar no museu”, disse a historiadora.

A historiadora Ruth Ferreira e a estudante Tamires Pinheiro apresentaram o Museu D'Água ao É do Pará - TV Liberal — Foto: Divulgação/TV Liberal

“Quando a gente pensa na história de Belém, a gente pensa muito na história do centro, da cidade velha, que é algo muito colonial. Então, o Museu D’Água traz essa outra perspectiva a partir das periferias”, Ruth Ferreira

Aquele momento que desperta a vivacidade dos bairros, a feira. No espaço que funciona a Feira do Açaí do Jurunas é muito movimentado, não para, a todo momentos barcos chegam com paneiros e mais paneiros de açaí fresquinho, vindos de várias ilhas perto da capital. O carregador Elves Viana contou que trabalha na feira há 10 anos e que nesse tempo aprendeu muitas coisas sobre a colheita e a venda do fruto, além de conhecimentos com a maresia também.

João Adonai, é marreteiro, e disse que a feira do Jurunas é a melhor que tem porque funciona 24h direto, com o açaí chegando o tempo todo. João revelou ainda que sua filha de 2 anos só come se o açaí estiver do lado, sua família não dispensa o fruto. O açaí é preferência total entre os paraenses, principalmente dos que moram no Jurunas, ele é consumido de várias formas, seja acompanhando a refeição, com açúcar, como sorvete, entre outras maneiras. Valdeci Pantoja, vendedor, trabalha na feira há quase 25 anos, sua especialidade é o famoso mingau de açaí.

O Jurunas é considerado um dos maiores consumidores de açaí da capital, em seu porto o tráfego de descarregamento do fruto é constante - É do Pará - TV Liberal — Foto: Divulgação/TV Liberal

No quadro “Hora da Broca” uma receita típica do bairro mais apaixonado pelo açaí. O bairro Jurunas é um dos mais populosos da capital paraense com uma identidade própria e reconhecido como um dos maiores consumidores da fruta. O “Mingau de açaí” é simples e delicioso. Normalmente se consome o açaí como refeição, acompanhando a comida, ele pode ter ou não açúcar. Já o ‘mingau de açaí’ é feito com sal e com arroz. Uma receita comum para os jurunenses, é encontrada com facilidade, principalmente na região do mercado e do porto. Os detalhes você acompanha no site Receitas.

Reveja o É do Pará sobre um dos bairros mais populosos da capital paraense, o Jurunas:

É do Pará: Bairro Jurunas - Bloco 1

É do Pará: Bairro Jurunas - Bloco 1

É do Pará: Bairro Jurunas - Bloco 1

É do Pará: Bairro Jurunas - Bloco 2

É do Pará: Bairro Jurunas - Bloco 2

É do Pará: Bairro Jurunas - Bloco 2

É do Pará: Bairro Jurunas - Bloco 3

É do Pará: Bairro Jurunas - Bloco 3

É do Pará: Bairro Jurunas - Bloco 3

Não perca o programa É do Pará, às 11h45, todo sábado, após o É de Casa, na TV Liberal.

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