Uma conexão musical que existe há muito tempo. Priscila Castro tem 14 anos de carreira e é considerada uma artista afro amazônica. Dan Selassie, cantor e compositor dedicado à música cultural e regional, se inspira nas belezas naturais da região. Marcos Tapajós é multi instrumentista e tem um grande repertório de músicas autorais de forma independente. Essa não é a primeira parceria entre os artistas de Santarém e promete não ser a última. Pautada na criatividade e ousadia, o resultado do trabalho em conjunto tem dado ótimos frutos.

A música “Pimenta com Sal” é composição do poeta e filósofo roraimense Eliakin Rufino, artista respeitado e admirado no meio por suas composições musicais. Priscila disse que conheceu o compositor e essa música em um show e logo quis que a música fizesse parte de seu repertório. “Em 2023, com Marcos Tapajós, pensamos em fazer releituras de clássicos da música paraense e ela estava na lista”, disse Priscila Castro.

“Essa parceria foi gradativa, nos conhecemos há muito tempo. Marcos Tapajós já faz parte da minha banda e do Dan há tempos. Somos amigos, nossas famílias são amigas, e foi muito natural a amizade seguida de projetos musicais. Este é o terceiro single juntos, sempre focado na musicalidade amazônica com influências mais modernas, latinas e eletrônicas”, revelou Priscila Castro

Marcos Tapajós assina a direção musical do single “Pimenta com Sal”. Além de multi instrumentista é um dos produtores musicais mais experientes da região oeste do Pará, já tocou com vários artistas. Acompanhando a atualidade, usa sua criatividade e talento para fazer experimentações com beats eletrônicos e faz misturas ousadas entre sons regionais e sonoridades de recursos digitais.

O artista santareno explicou que adicionou partes do curimbó, instrumento utilizado no ritmo cultural carimbó. Além disso, de um forma sutil acrescentou também a guitarra com uma levada que leva para o ritmo da ‘guitarrada’, um gênero criado e desenvolvido exclusivamente na região norte. Marcos disse que ficou muito feliz com o resultado e que a música ficou bem envolvente. “A escolha da música veio da ideia de produzir conteúdo regional de música do norte para as redes sociais e depois decidimos ir mais fundo com essa composição do Eliakin Rufino. Sentimos que precisávamos mostrar esse arranjo para o mundo. E agora essa ideia está se concretizando”, revelou.

“O meu objetivo em criar esse arranjo era misturar elementos da música eletrônica, especificamente o afrobeat, com a música paraense, que tem como referência vários outros estilos da música latino-americana. Então, acaba que ficou uma mistura muito dançante pra quem ouve”, Marcos Tapajós.

Dan Selassie, é natural de Itaituba, mas se define como um filho adotivo muito orgulhoso de Santarém, apaixonado por cada cantinho da cidade que o acolheu. Dan se inspira em suas vivências em Alter do Chão para compor. Seu amor pelas belezas naturais da região e também pelos ritmos culturais é o que o completam e preenchem de criatividade e amor pela arte.

Dan canta desde os 16 anos, começou na igreja e desenvolveu seus talentos a partir da voz, ele disse que a composição chegou há pouco tempo em sua vida, porém tem se saído bem, usando a delicadeza das palavras, encanta pelas letras se suas autorias: “Morando aqui em Santarém e uma boa parte em Alter do Chão o que nunca me faltou foram inspirações. Ser amazônico é um mix da natureza, dos povos aqui existentes, ao qual faço parte, e acho isso lindo. Eu na verdade me reencontro e me reconecto ao compor sobre a Amazônia”

“Temos ritmos quentes e dançantes, que se mesclam ao povo, aos sabores e é essa pluralidade que faz nossa música que hoje está cada dia mais em alta. Eu espero muito ver nosso jeito amazônico e nossas músicas por aí, falando dos lugares, das comidas e das pessoas de nossa terra”, Dan Selassie

Priscila Castro, natural de Santarém, apaixonada pelas suas raízes, tem em seu currículo grandes parcerias com artistas paraenses de todos os lugares. Ela é uma das artistas que levanta a bandeira da cultura, que carrega em seu sangue sua origem como referência de arte e música. Para a artista o fortalecimento entre os artistas nortistas é essencial: “A importância de nos fortalecermos é fundamental, cantar as músicas dos amigos, gravar artistas da nossa região que admiramos é essencial para que nossa arte também se fortaleça. É graças a esta relação de troca que minha arte já alcançou alguns lugares que sozinha jamais chegaria”

Priscila já lançou clipe no projeto Sons do Pará e também participou do programa especial Sons do Pará Tribos em 2020. Ela fala com muito orgulho desse momento em sua carreira, principalmente pela projeção de seu trabalho que alcançou todo o estado: “O Sons do Pará levou meu nome pelo Pará, me ajudou no encontro com artistas de outras cidades e me deu a oportunidades de dividir o palco com grandes nomes da nossa música como Warilou e Fruta Quente. Além de mostrar para outras regiões a qualidade do trabalho do povo do Tapajós”

“A nossa cultura e musicalidade é a minha existência. Sou uma menina do rio, da floresta, das águas, da cultura alimentar. Não poderia cantar outra coisa senão nosso som, nossa dança, nosso existir, sobretudo, porque nossa cultura precisa muito de fortalecimento da nossa identidade cabocla, afroamazonica, indigena, e a arte pode ajudar nessa representatividade” , Pricila Castro

Os artistas que se reuniram para esse feat são amigos e estão sempre pensando música, arte e poesia juntos. Dan conta que a música permitiu que eles pudessem construir uma amizade linda e sólida. Selassie entrou na última hora no projeto, quando Priscila estava gravando o arranjo de Marcos Tapajós, surgiu a ideia de ter mais uma voz: “É conexão musical pura. E a escolha da música ‘Pimenta com Sal’ não seria por acaso, afinal ela reflete bem nossos gostos e repertórios onde sempre visamos valorizar nossa regionalidade. Ela encaixou perfeitamente dentro desse beat que foi construído pelo Marcos Tapajós e ainda com a direção da Priscila Castro e eu nas vozes, foi lindo de vê-la renascer”

Após a gravação incrível da música pelos artistas amazônicos, nasceu o projeto audiovisual que rendeu lindas imagens e uma harmonia extraordinária entre eles. O clipe foi gravado em estúdio e em uma praia muito especial para os santarenos, chamada ‘Praia dos Namorados’ o local é realmente apaixonante. “O clima do clipe ficou fácil porque Dan, eu e Marcos somos muito unidos e temos muitas coisas em comum, além da musicalidade e bom humor”, disse Priscila.

Os artistas do oeste paraense estão ansiosos para o lançamento do clipe de “Pimenta com Sal”, principalmente pelo fato de poder mostrar além da musicalidade, a cidade de Santarém como cenário. “É uma felicidade compartilhar arte sempre. E aparecer para minha cidade e fora da minha cidade é uma oportunidade de dizer muito mais como valorize a gente, pois estamos valorizando nossa cultura, nosso povo e nossas comidas. Mas acima de tudo é uma felicidade tremenda pois sabendo o alcance do Sons do Pará e como esse projeto lindo valoriza nós artistas e abrem portas. E se prepararem que se Tupã nos permitir logo estaremos voltando com novidades”, destacou Dan Selassie.

Para Priscila a sensação não é nova, porém é diferente, pois desta vez ela está ao lado de amigos queridos, que como ela mesma diz: “Fazem os corres comigo aqui em Santarém e isso é muito especial. Além de mostrar pro povo a nossa criatividade na versão de uma canção já consagrada por outras vozes”. Marcos Tapajós disse que está empolgado com o lançamento, principalmente porque é uma versão dançante e que agrega felicidade e muitas pessoas, então ele espera muitas festas com esse som.

“Eu espero que as pessoas ouçam bastante, coloquem naquela playlist especial que toca no churrasco com os amigos, dancem muito e apreciem nossa arte que preparamos com muito carinho. É uma versão especial, com certeza”, Marcos Tapajós.

Assista na íntegra o clipe da música “Pimenta com Sal” dos artistas Priscila Castro, Dan Selassie e Marcos Tapajós: